Bokashi-EM é uma palavra japonesa que significa matéria orgânica fermentada. É um fertilizante composto de uma mistura balanceada de matérias orgânicas de origem vegetal, submetidas a um processo de fermentação controlado.
Explicações do engenheiro agrônomo Marques Zambo Bambi revelam que a ação mais importante do Bokashi tem a ver com a introdução no solo de microrganismos benéficos, que desencadeiam um processo de fermentação na biomassa disponível, proporcionando, rapidamente, condições favoráveis à multiplicação e atuação da microbiana benéfica existente no solo, como fungos, bactérias, actinomicetos, micorrizas e fixadores de nitrogênio, que fazem parte do processo complexo da nutrição vegetal equilibrada e da construção da sanidade das plantas e do próprio solo.
Este fertilizante, conta, é de uso fácil, aplicação indicada para o preparo natural do solo, jardins, hortas caseiras e proporciona a revitalização do solo, oferecendo um melhor aproveitamento da sua fertilidade natural.
O fertilizante Bokashi-EM oferece vantagens para os agricultores ou fazendeiros. O agricultor pode desenvolver a sua própria receita, substituindo os ingredientes de acordo com o material disponível na sua região. Todos os técnicos agrônomos formados no Centro de Formação Profissional Mokiti Okada aprendem a fazer o adubo orgânico, denominado Bokashi-EM.
O uso de Bokashi-EM, um dos fertilizantes naturais do conjunto de farelo de origem vegetal, fermentado com microrganismos eficazes, que alimentam a produção, e acautela o rejuvenescimento do sistema imunológico da saúde humana e aumenta a vitalidade do homem.
O relato de Bernardo Paulino sobre o tema teve outros resultados surpreendentes. O agricultor garantiu que padecia de asma durante 20 anos, de 1995 a 2015. Além disso, admitiu que era muito preguiçoso e tinha poucas horas de sono. Conforme explica, no primeiro dia em que comeu alimentos naturais, na escola Mokiti Okada, teve falta de apetite e não acabou a comida. “No segundo dia já me senti muito aliviado e notei uma grande diferença: tinha mais força, boa disposição e coragem”, frisou.
Como asmático, Bernardo Paulino não resistia a exercícios físicos, nem tinha força para trabalhar. Conta que era forçado a usar medicamentos e uma bomba manual, quando sentisse os sintomas da doença, garantindo assim mobilidade ao coração. O técnico agrônomo lembra as crises que teve, quando consumia alimentos com agrotóxicos. “A asma acabou quando comecei a comer os alimentos naturais por mim cultivados”, disse.
O agricultor explica ainda que a sua esposa, que padece de diabetes, também já sente alívio com o consumo de alimentos naturais do seu campo. “Quando retoma à alimentação convencional como frangos e carnes congelados os níveis de açúcar no sangue disparam, ao passo que com os alimentos naturais como couve, beringela, kizaca e outros a glicemia não ultrapassa os 130 miligramas, mesmo sem fazer recurso a medicamentos”, esclareceu.
Experiências comprovadas, de países onde já se pratica o método em alusão, como Alemanha, Japão, Brasil, França e Tailândia, mostram que os produtos da agricultura natural oferecem resultados fabulosos na proteção da saúde humana. Através do protocolo assinado entre o Ministério da Agricultura e a Africarte, o Centro Mokiti Okada pretende que o país todo adira ao método em questão, para que o desenvolvimento da agricultura natural seja inevitável, tal como disse o engenheiro Bambi.
Para ele, o método natural vai afastar, aos poucos, o modelo habitual, que consiste no uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, muito nocivos à saúde humana.
Pela importância e dimensão que a escola Mokiti Okada encerra, um grupo de estudantes do segundo ano de Gestão da Universidade Técnica de Angola (Utanga), lançou-se numa pesquisa neste centro, para apurar os efeitos negativos dos agrotóxicos na agricultura convencional.
Henrique Diogo Victor, o estudante que falou em nome dos demais, informou que a essência do trabalho no Centro de Agricultura Natural Mokiti Okada baseia-se na criação de uma empresa de produção de fertilizantes orgânicos e inorgânicos, em função da necessidade dos agricultores da praça nacional. O objectivo, afirmou, é transmitir a experiência à população e abraçar o uso de Bokashi-EM, fertilizante de uma tecnologia puramente natural e de origem japonesa.
O estudante universitário reprovou o uso de fertilizantes inorgânicos por, segundo ele, quebrarem a longevidade do homem, através de substâncias nocivas do tipo nitrogénio, potássio e cálcio 12, 24, 12, propensos ao contágio de doenças vulneráveis, como trombose, pressão arterial alta e cefaleias.
Depoimento de um técnico da agricultura
“Eu aplicava num hectare 25 quilogramas de adubos e 50 quilogramas de ureia”, explicou o agrônomo, admitindo que no início foi alvo de desprezo de demais produtores, pela prática do método de agricultura com fertilizantes naturais. Para espanto dos demais, quatro meses depois do cultivo, os resultados começaram a ser bem visíveis, tendo-se os alimentos desenvolvido com muita vitalidade. Com isso, quatro outros camponeses acreditaram e decidiram juntar-se ao método, com o qual se produz alimentos até aos dias de hoje.